Saturday, 13 October 2007

Pedras

Pego no tempo, meto-o na palma da mão e olho bem para ele. Espero, espero a ver se foge. Espero, mas não foge, nem corre, nem tão pouco dá sinal de lá estar. Atiro-o ao ar a ver se desperta. Abano-o, amasso-o. Não se mexe. Não reage. Terá morrido? O tempo morto na minha mão e as pedras ali à frente da espécie de praça que é mais um largo por ser algo pequeno demais mas que eu teimo em chamar praça.

E depois os passos de sempre mais o caminho do costume como que a matar a rotina dos dias vulgares nos dias estranhos em que posso olhar para a palma da mão e apreciar as feições do morto por entre palavras e mundos daqui e de outro qualquer lado.

Há pedras no chão, há pedras à beira-mar, há muitas perdas e pedras para encontrar

6 comments:

Annie said...

"pedras no caminho? guardo todas. um dia vou construir um castelo"...
um dia... indefinido. saber esperar é uma virtude, já ouvi dizer...

maresia said...

Olá a que horas parte o teu comboio? O meu é ás cinco e trinta e três…

maresia said...

Ali ao lado, o branco em ti, gostas? E do azul? Já morreu, mas está lá na mesma, um dia talvez renasça de uma nuvem qualquer: http://oazulnasnossasvidas.blogspot.com/

Anonymous said...

ola casimiro
no ultimoparagrafo nao sei houve um erro de teclado ou se há um trocadilho "pedras" e "perdas". muda logo o sentido.
bom... o tempo na tua mão está impecávelmente bem escrito e imaginado.
beijinhos

Unknown said...

Gosto do que escreves =D

Um beijinhO Raquel

éme. said...

Há muitos ganhos a encontrar, também... fazer da crise, oportunidade, dizem os teóricos e eu vejo-me tentada a crer que assim é...
:)
Há muitas perdas, há... mas em cada uma, que até possa sentir-se como pedra atirada à nossa cabeça com fúria, em cada perda, como dizia, há um ganho que se lhe segue, é certo! Diz-se disso ser desenvolvimento! :)