Sunday, 7 October 2007

Maçãs

Maçãs bonitas no hipermercado. Brilhantes, bom ar, fazem crescer água na boca de tão saborosas que parecem. Uma trinca, duas, três, pergunta a lingua onde está o sabor, onde está a maçã. Papa, só uma papa que se desfaz na boca, quase sem sabor, quase que não é maçã. Não deve ser aliás, é mais uma outra qualquer coisa que teimaram em formatar sem se lembrarem que poderia desaparecer algo. Desapareceu o sabor e o sentir da polpa, desapareceu o trincar devagar, foi-se a maçã.

Maçãs feias numa qualquer árvore, baças, algumas mesmo com bicho. Não falam como as outras, não gritam ao estômago pelos olhos. Limitam-se a estar. Até ao dia em que se pega numa e volta o gosto à boca. Maçãs sumarentas e doces, maçãs que se podem trincar e saborear. A primeira impressão logo posta de lado, afinal o que não parecia grande coisa revela-se algo mais.

As pessoas são como as maçãs. Hoje são.

2 comments:

éme. said...

São.
Um bocadinho assim, pois é.
Por isso é que é preciso estar mais atento, agora.
É que é cada vez mais difícil encontrar o sabor que nos enche as medidas... lá isso é.

(Gosto das imagens que se lêem neste blog! Caramba, gosto mesmo!)

maresia said...

Como quais maçãs, as de Junho?